sexta-feira, 14 de fevereiro de 2014

Improvisação parte 1a


Aprofundamento, indicação e modelos.

Como já vimos, segundo Bruscia (1998) a improvisação é um método pelo qual o engajamento musical implica fazer música através dos recursos disponíveis (instrumentos de percussão, cordas, canto, etc), improvisando melodia, ritmo e harmonia sobre uma canção individual ou em grupo, independente de sua habilidade.

O musicoterapeuta neste caso irá improvisar junto, incorporar a musicalidade, conduzir o grupo/paciente, motivar executando instrumentos, propor um tema ou apresentação de elementos, como imagens, textos que motivem e contribuam para que esta improvisação alcance os objetivos traçados.

Vale ressaltar que os métodos implicam técnicas e que modelos, irão utilizá-los e até mesmo desenvolvê-los conforme o procedimento que lhe convém. Como diz o autor, modelos, abordagens, técnicas e métodos muitas vezes na literatura são tidos como a mesma coisa, porém não é. O modelo diz respeito ao procedimento e muitas vezes a partir dele se desenvolvem e se criam técnicas, mas as técnicas e os métodos são diferentes do modelo, pois estas podem ser utilizadas por mais de um modelo ou abordagem, portanto, atendendo a procedimentos diferentes.

Aqui falarei com mais enfoque nos métodos e técnicas e citarei alguns modelos utilizando vídeos para exemplificar.

Tipos de improvisação:
·        Instrumental não referencial:

Quando o paciente improvisa através de instrumentos musicais  concentrado nos sons e na música.

Apresentarei alguns trechos de um vídeo disponível no youtube sobre o modelo Nordoff Robins.

Falarei mais sobre o modelo em outra postagem. Nesse momento é importante nos concentrarmos na técnica e recursos utilizados.
Para quem não tem acesso ao vídeo neste momento, farei um resumo do que se trata.

Neste vídeo tomei como exemplo a terapia com uma menina autista, que inicialmente apresenta resistências em relação ao som e o fazer musical.

Os musicoterapeutas utilizam técnicas não referencial ao tocarem o piano, enquanto a paciente explora o tambor. O piano está totalmente vinculado ao tambor. Ao mesmo tempo em que incita a criança a tocá-lo, responde a cada toque desta. Trata-se de pergunta e resposta, ação e reação, onde se desenvolve uma comunicação.

Em outro momento podemos observar outro exemplo, onde o musicoterapeuta segura a criança no colo com dois enormes tambores no chão. Quando o outro musicoterapeuta toca o piano, o primeiro segurando a criança faz com que os pés dela batam no tambor junto ao pulso da música, dando a sensação de que a criança está pulando sobre o pulso do tambor na música ou mesmo tocando este. A criança sorri e se agrada com a brincadeira.

Trata-se de uma criança que não anda. Portanto este estímulo corporal dá a sensação do pulso relativo ao caminhar, pular e dançar. Este estímulo leva a criança a sentir a necessidade de caminhar ou pular, pois é uma pré-experiência desses movimentos.

O lúdico aí é muito importante, pois é o tipo de comunicação que desperta na criança a vontade de participar.

Após um período, é possível observar mais interação e inclinação da criança em relação ao falar, pular e andar. Uma vez que os estímulos anteriores a fizeram experimentar algo novo e de forma lúdica.

Para quem tem acesso ao vídeo, identifiquei os minutos onde se podem observar estes momentos.



Nos 4:05 do vídeo, podemos observar a técnica que acontece quando a criança toca o tambor e o musicoterapeuta executa no piano acompanhando seus movimentos.
Como disse anteriormente esta é uma forma de engajamento musical cujo referencial é o próprio som e o objetivo, desenvolver a comunicação e encorajar o movimento corporal, como também podemos ver nos 6:50 minutos do vídeo.

Esta criança inicialmente apresentava uma forte resistência (como o choro) nos 7:44 min. do vídeo. Após 2 anos,  é muito perceptível seu interesse em andar, pular e falar, como podemos notar no início do segundo vídeo. Um progresso que consiste no engajamento musical, ou seja, um processo de familiarização com os sons e com os instrumentos até que isto se torne um brinquedo, uma extensão do físico e do imaginário onde nele se possa apoiar e desenvolver canais de comunicação que levem ao progresso da terapia. Veja os primeiros minutos do vídeo: observando o desenvolvimento da criança.



Aqui o exemplo se refere à criança autista, mas este trabalho de improvisação centrado na música acontece com diversos públicos, em diversos momentos.

Na musicoterapia, qualquer som presente no ambiente está sendo monitorado pelo musicoterapeuta, uma vez que cada um deles tem a potencialidade, no momento da terapia, de promover o desenvolvimento ou de bloquea-lo. Neste caso, a postagem sobre os tipos de experiênciasmusicais poderá contribuir com a percepção sobre os elementos musicais e não musicais que podem influenciar o processo musicoterápico.

 Portanto na improvisação não referencial, a música, a exploração de instrumentos musicais, os sons e suas potencialidades estão em primeiro plano.

Por hoje é só!

Bom final de semana

Nenhum comentário:

Postar um comentário