terça-feira, 22 de abril de 2014

Improvisação de Canções

Olá pessoal,
Mais uma vez aqui no blog.


Para Bruscia, na improvisação de canções "o cliente improvisa letras, melodias e/ou o acompanhamento de uma canção. Os subtipos são solo, dueto e improvisações grupais (...). " (BRUSCIA, 1998, p.125)

·       Falar de improvisação musical é uma coisa que assusta principalmente os leigos. Embora pareça complicado, o princípio da improvisação em musicoterapia é muito simples e natural.

Uma improvisação de canção pode ser desenvolvida a partir de muitos dispositivos, alguns deles já foram citados aqui no blog.

Por exemplo, o canto. Quem já fez aulas de canto sabe que existem diversos exercícios para aquecimento vocal. Existem métodos e técnicas de alguns professores que estão mais vinculados à experiência de improvisação na musicoterapia, pois pensam no indivíduo como um todo. Já outros métodos podem atém bloquear o canto livre e a livre improvisação. Tomemos o primeiro exemplo e seguimos com a referência. Então, uma melodia pode ser improvisada a partir de exercícios, tais como: vocalizes, exploração vocal, exercícios técnicos, variações de um tema conhecido, que podem abrir um canal para a exploração que resultará em improvisação.

Aqui temos, por exemplo, variações do tema Águas de Março pelo grupo UAKTI.




Neste caso, tendo diversos instrumentos para executar a mesma música, podemos encontrar alternativas sobre como variá-la, bem como utilizar instrumentos que correspondam com aspectos da letra, que imitem sons de chuva, de pássaros se referindo às águas ou ao matita-perê, respectivamente. 

Porém, não é possível racionalizar toda a improvisação. O prazer da improvisação raramente vem da racionalização, mas sim da vontade, do desejo e da intuição e, obviamente, isso acontece quando criamos mais intimidade com os instrumentos musicais e com o fazer musical.

O musicoterapeuta além de facilitar a improvisação, dará apoio à improvisação, fazendo acompanhamento e utilizando determinadas técnicas de improvisação que listarei mais adiante, as 64 técnicas de musicoterapia.

Embora, a característica de uma canção seja bem demarcada em termos de ritmo, harmonia, melodia, aqui o caso é improvisação, portanto, podemos transcender um pouco esta característica e entender a criação como experimentação para, se interessante, registrarmos esta improvisação como forma de composição e recreação.

Uma canção geralmente fala de alguma coisa, seja sentimento, política, fato, imaginação, etc. Cada compositor possui um modo próprio de compor, dependendo da afinidade que tem com o instrumento e outros elementos. Na musicoterapia, toda alternativa que favoreça a improvisação de canções, será utilizada. 


Se você está fazendo musicoterapia, é bem provável que se sentirá mais tranquilo em relação ao fazer musical, pois na musicoterapia é imprescindível que ocorra a sensibilização musical, de modo que o instrumento se torne um recurso e não um bloqueio.

A sensibilização musical implica em explorar, perceber, curtir e interagir.

De acordo com a minha experiência e ponto de vista, a sensibilidade ao som e suas conexões são fundamentais. A pessoa que se dirige à musicoterapia irá de ouvidos abertos para a experiência musical, exceto se pensar que precisa saber música.

Eis aqui um vídeo de exemplo. Aos 2:05 minutos uma paciente recentemente diagnosticada com um tipo de câncer, improvisa uma letra sobre o acompanhamento do piano improvisado pelo musicoterapeuta. 


Um texto muito interessante para complementar o papel das canções é da musicoterapeuta Marly Chagas no XV Simpósio Brasileiro de Musicoterapia e XII Encontro nacional de pesquisa em musicoterapia no ano de 2012. O Tema de sua apresentação é “A canção, o cantar e o cantor - uma reflexão teórica” (pág. 28) 

Este texto apresenta através da leitura dos filósofos Deleuze e Guattari as relações da arte com a percepção e sensação do indivíduo e, a possibilidade de transformação como produto desta relação. É um texto muito poético.

E pra finalizar, um Exemplo de acompanhamento de improvisação de canções. Muito legal, muito animado.

Abraços,
Denise

REFERÊNCIA

BRUSCIA, kenneth. Definindo musicoterapia. Tradução Mariza Velloso Fernandez Conde. 2 ed. - Rio de Janeiro; ed. Enelivros, 2000

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