sexta-feira, 6 de abril de 2012

Escuta - Ressonância

Olá!

Na penúltima postagem comentei sobre a importância da escuta. Disponibilizei a cena final do documentário "Camelos também choram” para iniciar comentários sobre o tema. Hoje citarei os assuntos relacionados à escuta e, pouco a pouco enviarei comentários, vídeos e audições.
Quando assistiram a cena final de "Camelos também choram", que impressões, pensamentos, sentimentos e ideias surgiram?     Por favor, compartilhem aqui.
Algumas questões: Por que a mãe aceitou o filhote após o ritual? Qual a relação deste ritual com a musicoterapia? Por que eles fizeram este ritual? Como sabiam o momento certo para aproximar o filhote da mãe? Existe alguma relação entre o tipo de instrumento tocado, a voz feminina e o resultado final?
As dimensões da escuta que mencionarei aqui abordarão desde experiências físicas acústicas, até questões contemporâneas sobre percepção sonoro/musical.

Alguns assuntos vinculados à escuta a serem abordados:

- Física acústica: ressonância, batimento e interferência;
- Musicoterapia: a escuta clínica – O poder da música sobre a pessoa;
   A música como linguagem; Preparação para escuta; Musicalidade clínica;
   A escuta na contemporaneidade.
- Experiências de escuta. Ex. escuta meditativa; selecionada; induzida e reduzida. Paisagem sonora;
- Percepção sonoro/musical: autonomia do som, liberação do som; micropercepção e molecularização; micropolifonia; superação; percepção dirigida, atividade cognitiva, objeto sonoro, as quatro formas de escuta, solfejo dos objetos, escuta do bebê e intenção.

Hoje comentarei sobre ressonância no contexto da escuta.

No filme observamos uma cena ritualística, tradicional, semelhante aos processos de cura que ocorrem em aldeias indígenas.
Na musicoterapia tais processos não são diferentes sob o ponto de vista da física.

O que é ressonância?
É interessante ler um pouco de física, entender o conceito e perceber o fenômeno na vida diária. Além disso, no site abaixo têm experiências que, inclusive, aconselho-os a fazer. Podemos começar pela experiência do pêndulo:
E para Ler:

Cito um vídeo sobre interferência, batimento e ressonância:

Vejam que interessante:


Então como se dá esse fenômeno quando falamos de música e de seres vivos?

 Sim, o mesmo se dá quando, por exemplo, vibramos uma corda de violão próximo de um ser vivo e podemos observar nele reações corporais, psíquicas, emocionais, ou seja, certa mobilização e perturbação decorrente da percepção auditiva que se apropria desse objeto sonoro.
No filme é interessante notar os sons que o camelo faz quando a música inicia.
Gestos, sons, respiração, calor e batidas do coração que ocorrem quando a música está acontecendo, são elementos para desenvolvermos uma escuta empática, percebendo com clareza, por exemplo, como ressoar a sensação do sofrimento da mãe camelo com relação ao trauma do parto e como interferir para aceitação do filhote.
Então é necessário treinar a escuta para desenvolver a sensibilidade, perceber onde está ressoando e como interferir. A escuta não é algo passivo, escutar também é agir, é experimentar, é articular o canal da percepção e as forças que atuam sobre ele (sistemas, cultura, referências). É desenvolver a consciência e intencionar.
Uma vez trabalhei com um bebê de um ano, que participava de um grupo de estimulação cognitiva com outros bebês e suas respectivas mães. O bebê produzia sons vocais (balbucios) sem parar, como se estivesse conversando com alguém, nervoso. Quando tentavam falar com ele produzia mais sons e raramente olhava as pessoas. Durante toda a sessão (30 minutos) sua postura era mesma.
Tive a oportunidade de me aproximar com alguns instrumentos de percussão e fazê-lo perceber. A ressonância da percussão com a criança, esta escuta, o som, o interesse do bebê transformou esta condição, promoveu aceitação e dali em diante passou a participar das atividades com a mãe, sempre interessado e participativo, não apresentou mais esta postura. A aproximação, a empatia e o improviso favoreceram sua escuta dando-lhe oportunidade para transformar.
O trabalho com a musicoterapia é interessante dado o aspecto não verbal. Muitas vezes o falar pode ser limitador e exaustivo.

Vamos conversando. Participem.

Um abraço,
Denise

5 comentários:

  1. Opa professora tudo bem? Então, referente ao vídeo do camelo, acredito que como o cérebro (tanto animal ou humano) trabalha frequência - dizem que a música tem a capacidade de alterar essas frequências (causando na maioria das vezes prazer) - portanto de alguma forma aqueles nativos descobriram ou desenvolveram a capacidade de provocar isso no animal (Como? Eu não sei! :D) Só um palpite.
    Grande abraço

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    1. Olá! Obrigada pelo comentário! Como tudo no nosso corpo está interligado e, também conectado ao meio, recebendo informações e desenvolvendo seu sistema, talvez a resposta para o "como" seja simples e reflita temas como sensibilidade, amor, desejo, homeostase e assim por diante. De qualquer forma o ponto sobre "definição" permeia essa questão e acabamos por fazer ciência sobre isso. Abraço

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  2. Muito bom o artigo...é dificil acreditar que aquela ponte caiu mesmo...ela parece até de borracha por causa da ressonancia.

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  3. Dê, ressonância é a mesma coisa que vibrar simpaticamente? Essa transferência de energia é muito interessante. Quando eu ouço uma música ou toco meu violão ou rabeca, por vezes me dá uma sensação intrínseca de bem-estar, identificado por uma "vibração" corpórea, um "calafrio".

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    1. Oi Ricardo, acredito que sim. Onde você encontrou esta expressão?
      Um abraço,
      Denise

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